Let's GoooooA! (parte 2)

Bom, no último post contei um pouquinho sobre os primeiros dias em Goa, sobre a cidade de Panjim (cough cough) e sobre o casório... E na verdade, eu tinha mesmo comentado pouco sobre os aspectos culturais do matrimônio indiano, mas o blogspot me sabotou ainda mais... O parágrafo mais importante do post inteiro, aquele em que eu realmente compartilhava alguma informação útil e super cult (leia-se chata) sobre a cerimônia de casamento hindu simplesmente DESAPARECEU! Sem deixar vestígios nem nada... E levou junto com ela uma foto nossa com os noivos no altar... Mas enfim, nada que mais uma vez não possa ser pesquisado no google, e se todo mundo realmente quiser muito saber sobre o assunto, posso cogitar a possibilidade de escrever um post só sobre casamentos depois (ahahahah até parece!) =P Mas chega de enrolação e vamos para a parte dois da viagem mais legal da primeira quinzena do mês de novembro (to indo pra Agra conhecer o Taj Mahal, então pode ser que Goa não seja a trip mais legal do mês inteiro hehehehehe)

Diários de um "Scooter sem Retrovisor"

As minhas referências cinematográficas nos meus textos "autobiográficos" às vezes ultrapassam um pouquinho o limite do ridículo, mas não consegui pensar em nenhum outro título tão "cheio de significados" quanto esse!! A segunda parte da viagem de Goa foi (quase) tão aventureira e divertida quanto a saga de Che na sua Poderosa (pra quem não sabe, esse é o nome da motinha em que ele e Alberto Granada pretendiam cruzar a América do Sul)... e quase tão dramática também! =P Depois de acabada a mordomia 0800 dos primeiros dias, chegou o momento da nossa trupe procurar uma nova acomodação... Mais modesta e obviamente mais perto de onde as "coisas acontecem" em Goa. O destino escolhido foi Candolim, a praia ao sul de Calangute, nem muito famosa nem muito deserta... ideal! O nome da nossa pousada não podia ser mais "português”: Hotel Ave Maria. E a doninha de lá (que não sabia falar N A D A de português) me explicava várias e várias vezes que o nome dela não era Ave Maria... que o nome dela era Rosamaria... e que Ave Maria era o nome em português para a Holly Mother... e que todo mundo confundia, e achava que o nome dela era Ave Maria, porque o hotel dela chamava Ave Maria... Bom, pelo que se pode perceber, me divertia bastante tentando trocar uma idéia com a D. Rosamaria. Ficamos com todo o primeiro andar do hotel (ou em uma definição mais correta na casa com vários quartos alugáveis hehehe) e pagamos relativamente uma pechincha por cada quarto... Apesar da descrição correta não parecer promissora, o lugar era realmente muito bom... os quartos eram bem limpos, o chuveiro quase sempre funcionava (exceto o do meu quarto, lógico) e a localização era excelente... a menos de uma "quadra" da praia, e na rua paralela à rua principal, que concentrava vários restaurantes legais e lojinhas super "overpriced" (é incrível o que dois meses fora do Brasil já causaram ao meu português)

No nosso primeiro dia em Candolim, depois de (absurdamente longos) 3 anos, passei o dia tostando na praia... Nossa, juro, tinha esquecido o tanto que era bom!! Nadar no mar salgadinho, tomar uns caldos, pegar jacaré e ficar toda arranhada de areia... ahhhh areia! Areia dentro do biquíni, dentro do seu olho, dentro da bolsa, arranhando a tela do seu ipod... Areia para todos os lados!! Divertido, não e??? Mais divertido do que a areia só o olhar de alguns poucos indianos curiosos, hmmmm carne nova no pedaço.... meninas de biquíni, que provação!!! hehehehehe

Quase três anos depois... praia novamente!

Mas depois de tanto tempo sem passar o verão no Brasil, eu me senti uma criança de novo.. Só faltou mesmo fazer castelinho de areia.. ou tentar cavar um buracaaaaao e deixar a onda vir encher ele de água, e fazer a minha piscina privativa, com água quentinha (meu deus, como a gente e' sem higiene quando somos novos heheehehe) E devo comentar principalmente, que eu não era neeeeeem de longe a mais empolgada com a situação... Juro, esses europeus são uma piada quando estão no mar! (sem ofensas Karol) Depois de uma certa idade (pelo menos comigo foi assim) você já não sente mais a mesma necessidade de pegar jacarezinhos que te levam a enterrar os braços na areia suja.... Mas acho que essa lei não se aplica ao primeiro mundo! =P

Os eurpoeus empolgados no mar =)

Brincadeiras a parte, passar o dia na praia com a galera foi bem divertido!! À noite acabamos indo em uma dessas barracas de praia "poshs", que se transformam em " lounges" depois que o sol se põe, com música eletrônica, espreguiçadeiras na areia, cerveja barata, e claro, muita gente doidona!!! Para o nosso esquema de "festa na praia" brasileiro, a festinha de Goa deixou um pouco a desejar, mas comparando com o esquema "festa na Índia" ate que foi bem legal!!!

Mas legal, LEGAL mesmo, era o que estava por vir no próximo dia....! Depois de muita confusão, de muitos planos diferentes, poucos dias para executá-los e pouco dinheiro pra gastar, acabamos decidindo alugar motos para conhecer as praias na costa norte de Goa... Bom, scooters para ser mais exata... Mas quem ta prestando atenção nos detalhes?! hehehehehhee Os meninos já tinham alugado as suas no segundo dia.... Então no sábado de manha saímos eu, Bea e Ira a procura das nossas preciosas motoquinhas automáticas....

O preço inicial para um dia de aluguel era de 250 Rs. (o equivalente a R$9,35!) mas estando na Índia a palavra da vez e PECHINCHAR! Então e claro, passamos a manha inteira rodando as ruas de Candolim, procurando algum lugar que nos alugasse a moto por um preço "mais em conta"... Quando eu digo procurando um lugar, o que eu realmente quero dizer e': sair na rua gritando aos quatro ventos que estamos interessadas em alugar scooters, e dai recebendo ofertas de quase todos os comerciantes.. alguns deles alugam a sua própria scooter pra você, alguns deles ligam pra alguém não sei de onde pra vir trazer a scooter, eles falam The guy is coming with your scooter... its going to take five minutes only... no no, don't worry about price, you're guest, you're my friend, i'll give you friend price!! , O que traduzindo do inglês indiano para o português brasileiro e' algo mais ou menos da seguinte proporção: Calma que ainda to tentando arrumar alguém doido o suficiente para alugar a moto para 3 meninas que não tem nem noção de como dirigir... Vai demorar pelo menos uns 40 minutos, mas eu te enrolo e você espera... E o preço... bom, depois de esperar esse tanto, você vai acabar aceitando qualquer preço... Turistas ricos!!

Tentando descolar um meio de locomoção alternativo enquanto esperávamos pelas scooters

Depois de varias negociações frustradas desistimos das motos e resolvemos tomar café da manha no nosso restaurante preferido: Inferno!! E dai, eis que do nada, o garçom do bar conhece alguém que conhece alguém que acaba nos alugando as scooters.... Preço final? 25o Rs. ahuahuahauhauha Acho que ainda temos muito a aprender na arte da pechincha indiana... E o mais engraçado e que isso vive acontecendo... Estamos sempre tentando negociar e pechinchar por algumas coisas que simplesmente não fazem sentido... E acabamos pagando demais por outras coisas que na verdade nem precisamos...

Mas voltando ao que interessa... Scooters alugadas, trajeto de viagem traçado, todos os motoristas reunidos, plano de ação: Motoqueiro experiente na frente, os "motoqueiros de domingos" junto com as completamente iniciantes no meio, motoqueiro experiente por ultimo, garantindo que ninguém ficasse perdido no meio da estrada. Scooter abastecidas, oração pra nossa senhora da bicicletinha, vamo que vamo... vamo que vamo... Direita acelera, esquerda freia atrás, direita freia a frente, Go Mari, go, goooo...CRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAASH !!!!

Gente, que fiasco, no meu primeiro SEGUNDO na rua (sim, ainda nem tínhamos chegado à estrada propriamente dita) eu me envolvi num acidente mega catastrófico... de engraçado!!! heheheeheh Com toda aquela emoção de acelerar e ir pra rua, eu acabei não vendo/ouvindo uma mini-mini-nano-van que vinha dirigindo como toda mini-mini-nano-van na Índia (buzinando loucamente).. E dai quando vi, ele estava beeeem na minha frente... E no calor do momento, me atrapalhei toda com o esquema de acelera e freia e freia e acelera e mão esquerda e mão direita e acabei acelerando ao invés de freiar e vendo que a moto não parava tentei “cravar" os pés no chão, na vã tentativa de parar a scooter com o chinelo, e por todos os lados 5000 outras scooters tentando desviar de louca desvairada com os chinelos rosa (essa que vos fala) arrastando pelo asfalto e acabei dando um totozinho na mini-mini-nano-van!!! Bom, claro que agora, contando assim depois de passado tanto tempo, e na segurança do lar, eu acho super engraçado e passo mal de rir só de lembrar. Mas no dia, affff, o nível de graça foi inversamente proporcional ao nível de stress (mega) que eu fiquei. Depois do susto cogitei por um segundo a possibilidade de abortar a missão, mas depois que o Rouf (professor dedicado) me acalmou e me explicou o que eu tinha feito errado, e o que eu devia ter feito, resolvi seguir em frente!

E depois desse susto inicial, ai foi só alegria!!! Bom, tirando o detalhe que a Bea é uma profissional nata e que eu era a única iniciante de verdade, sempre a Rubinho da turma... E que na verdade a alegria pura tava mais pra tensão constante, toda dura na scooter, as duas mãos sempre no guidom/volante (?!) e com cabeça seeeempre pra frente, sem virar pro lado nem pra ver a paisagem... E sem contar o outro detalhe "irrelevante" de minha incapacidade de fazer a scooter virar nas curvas, quase saindo pela tangente da estrada pelo menos umas 10 vezes... Esse tipo de alegria que eu quis dizer... =P

As "iniciantes", o último clique antes do "incidente"

Mas fala sério, para minha primeira vez eu acho que me saí muito bem... E confesso que toda a tensão valeu à pena, não só pelas praias que a gente conheceu, mas pelo dia como um todo... Paisagens incríveis, companhias incríveis, sessões de fotos intermináveis... E de bônus um encontro inesperado com brasileiros na praia! (outra primeira vez) Ainda não tinha percebido o tanto que me faz falta poder conversar em português de vez em quando!!!

Só algumas das fotos incríveis que tiramos naquele dia!

No último dia de praia todo mundo tinha desejos goísticos “irrealizados” e o jeito foi a turma se separar, e cada um correr atrás do seu último passeio em Goa do jeito que melhor desejasse. No meu caso, a lógica do pensamento foi fazer qualquer coisa que não envolvesse dirigir a scooter de novo... Sim, andar de scooter foi muito divertido, e sim, já estou fazendo cortes (imaginários) no orçamento (inexistente) para comprar uma moto num futuro próximo, mas no meu último dia de praia, a última coisa que eu precisava era de toda aquela “alegria” de novo. E com as idéias ainda meio desajustadas depois de uma noite de pouco sono, não sei porque cargas d’água decidi que a melhor opção era acompanhar o grupo que ia para uma dolphin trip... Sim, uma dolphin trip... No meu último dia de praia, nas minhas últimas horas de sol, sombra e água fresca, eu decidi caçar golfinhos... Vai entender!!

Descabelada, enjoada e decepcionada.... Golfinhos de uma figa!

Desnecessário dizer que o passeio foi um fiasco, que golfinhos eu não vi nenhum (ainda duvido muito dos vultos que vi rapidamente pulando da água suja do alto mar), e no final das contas a viagem só serviu mesmo para reafirmar o que eu já sabia: passeios de barco me dão náuseas.... Se não fosse pela parada para o almoço (em um lugar bem bacaninha, com um casal tocando bossa nova em inglês) teria sido um total desperdício de 800 Rs. (viu, nessas horas a gente não pensa em pechinchar... como que a gente não desconfiou que ia ser furada?!)

Mas mesmo depois de passar a tarde inteira num enjôo constante, ainda voltamos a tempo de aproveitar as últimas horinhas do fim de tarde na praia, então o dia não foi totalmente perdido... =) Depois da última tostada no sol, chegou a temida hora de arrumar as malas, pegar o táxi e seguir para o aeroporto... Já começa a bater a depressão pré Delhi, malas no check in, passando pela revista (me lembrem depois de escrever um post a parte, para explicar como acontece a revista indiana) E já na sala de embarque, a última foto oficial do grupo. A volta para Delhi foi em grande estilo... fila quilométrica para pegar o táxi, motoristas estressados buzinando sem parar, taxista se recusando a nos levar até Gurgaon... briga com motorista que expulsou a gente do táxi... negociar o preço (sendo que a corrida já estava paga) para conseguir chegar em casa... Ahhh home sweet home!!! O único vestígio de Goa era então o leve bronzeado e a areia ainda grudada por todos os lados... (ambos perdidos agora que acabo esse post, com somente 1 mês de atraso)

A foto oficial.

Bom, por hoje é só companheiros!!! E já que já descambei mesmo o troço, e esse blog já esta mesmo quase pras cucuias, como uma manobra desesperada de manter o interesse de alguns de vocês, já adianto que meu próximo post vai contar rapidamente sobre o meu último fiasco, ops, minha última viagem, para Agra, para riscar de uma vez por todas da check-list indiana a visita ao Taj Mahal.. portanto, só para variar, aguardem! =P

Namastê.